Segundo Humberto Maturana (na foto a esquerda), a maior dificuldade na tarefa educacional está na confusão entre duas classes distintas de fenômenos: a formação humana e a capacitação. A primeira refere-se ao desenvolvimento da capacidade de criar e recriar, para viver e conviver em sociedade, como um ser dotado de vontade de interagir para transformar e melhorar a sociedade em que vive.
Já a segunda, que refere-se a capacitação, tem a ver com a aquisição de habilidades e capacidades de ação para transformação social.
Formação Humana
Pensamos que a tarefa da educação escolar, como um espaço artificial de convivência, é permitir e facilitar o crescimento das crianças como seres humanos que respeitam a si próprios e os outros com consciência social e ecológica, de modo que possam atuar com responsabilidade e liberdade na comunidade a que pertencem (MATURANA, 2000, p. 13).
Educar visando desenvolver no aluno valores de responsabilidade e liberdade implica em visualizar e considerar a criança em toda sua totalidade. Não podemos simplesmente repassar inúmeros conteúdos para nossos alunos, visando a formação técnica e deixando de lado todo a sua individualidade (sentimentos, valores, angustias dificuldades, etc) enquanto ser humano.
A educação deve estar centrada na formação humana e não técnica. O professor deve ter em mente que a aquisição dos conhecimentos técnicos é um instrumento, um recurso para o ato de educar como um todo e não o objetivo principal do processo.
Nosso aluno é um ser humano, dotado de sentimentos e anseios, e não um “depósito” de conteúdos. Neste sentido, escola deve criar condições que estimulem a criança a exercer sua autonomia, através da observação e interpretação do mundo que a cerca, para que se torne um cidadão consciente e atuante.
Capacitação
Para Maturana, o professor deve estimular a “biologia do amor”, visando o desenvolvimento da cooperação, durante o processo de ensino-aprendizagem, estimulando o respeito mútuo entre professor e aluno e alunos com alunos.
Para que possamos capacitar os alunos para viver, conviver e interagir da sociedade devemos estimulá-los constantemente, buscando desenvolver sua liberdade reflexiva e autoconfiança nas suas capacidades e potencialidades.
Um professor [...] só pode contribuir para a capacitação de seus alunos se vive sua tarefa educacional desde a própria capacidade de fazer e desde sua liberdade para refletir acerca de sua atividade a partir do respeito por si mesmo, fazendo o que é ensinado.
CONCLUSÃO
Analisando o texto de Maturana, podemos concluir que o autor destaca a importância do professor trabalhar desenvolvendo a “biologia do amor”, pela qual formar e capacitar um ser humano vai muito além de repassar, transmitir ou transferir conhecimentos conceituais e conteudistas.
Segundo a perspectiva do autor, entendemos que a formação humana compreende a estimulação de valores e atitudes numa visão holística do ser humano, estimulando nas crianças, desde pequenos, o respeito, a autoconfiança, o trabalho em equipe através da cooperação e colaboração, a responsabilidade, a liberdade e a autonomia.
Sabemos que esta não é uma tarefa fácil, mas quando ingressamos no magistério, não estamos apenas adquirindo uma profissão, mas sim assumindo um compromisso com a sociedade, de estimular o desenvolvimento da cidadania plena e da transformação social.
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