sábado, 30 de outubro de 2010

Materialismo Histórico de Karl Marx


Trabalho apresentado pelas acadêmicas:Debora Figueira Teixeira, Elis Regina Torres, Eluza Ramos de Souza, Jussara Teresinha Levis Nunes e Suélen Santos de Oliveira.



1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade expor e discutir a teoria do Materialismo-histórico-dialético defendida por Karl Marx. Veremos que a origem desta teoria vem da dialética hegeliana, que advém da dialética utilizada como parte da lógica na Grécia Antiga. Posteriormente Marx fez sua aplicação na análise da sociedade.
Além desta teoria o marxismo trouxe grandes influencias para a sociedade e na educação que permanecem na atualidade.


2. QUEM FOI KARL MARX?
Economista, filósofo e socialista alemão, Karl Marx nasceu em Trier em 5 de Maio de 1818 e morreu em Londres a 14 de Março de 1883. Estudou na universidade de Berlim, principalmente a filosofia hegeliana, e formou-se em Iena, em 1841, com a tese Sobre as diferenças da filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro. Em 1842 assumiu a chefia da redação do Gazeta Renano em Colônia, onde seus artigos radical-democratas irritaram as autoridades. Em 1843, mudou-se para Paris, editando em 1844 o primeiro volume dos Anais Germânico-Franceses, órgão principal dos hegelianos da esquerda. Entretanto, rompeu logo com os líderes deste movimento, Bruno Bauer e Ruge.
Em 1844, conheceu em Paris Friedrich Engels, começo de uma amizade íntima durante a vida toda. Foi, no ano seguinte, expulso da França, radicando-se em Bruxelas e participando de organizações clandestinas de operários e exilados. Ao mesmo tempo em que na França estourou a revolução, em 24 de fevereiro de 1848, Marx e Engels publicaram o folheto O Manifesto Comunista, primeiro esboço da teoria revolucionária que, mais tarde, seria chamada marxista. Voltou para Paris, mas assumiu logo a chefia do Novo Jornal Renano em Colônia, primeiro jornal diário francamente socialista.
Depois da derrota de todos os movimentos revolucionários na Europa e o fechamento do jornal, cujos redatores foram denunciados e processados, Marx foi para Paris e daí expulso, para Londres, onde fixou residência. Em Londres, dedicou-se a vastos estudos econômicos e históricos, sendo freqüentador assíduo da sala de leituras do British Museum. Escrevia artigos para jornais norte-americanos, sobre política exterior, mas sua situação material esteve sempre muito precária. Foi generosamente ajudado por Engels, que vivia em Manchester em boas condições financeiras.
Em 1864, Marx foi co-fundador da Associação Internacional dos Operários, depois chamada I Internacional, desempenhando dominante papel de direção.

2.1 OBRAS

Entre os primeiros trabalhos de Marx, foi antigamente considerado como o mais importante o artigo Sobre a crítica da Filosofia do direito de Hegel, em 1844, primeiro esboço da interpretação materialista da dialética hegeliana. Só em 1932 foram descobertos e editados em Moscou os Manuscritos Econômico-Filosóficos, redigidos em 1844 e deixa-os inacabados. É o esboço de um socialismo humanista, que se preocupa principalmente com a alienação do homem; sobre a compatibilidade ou não deste humanismo com o marxismo posterior, a discussão não está encerrada. Em 1888 publicou Engels as Teses sobre Feuerbach, redigidas por Marx em 1845, rejeitando o materialismo teórico e reivindicando uma filosofia que, em vez de só interpretar o mundo, também o modificaria.
Marx e Engels escreveram juntos em 1845 A Sagrada Família, contra o hegeliano Bruno Bauer e seus irmãos. Também foi obra comum A Ideologia alemã (1845-46), que por motivo de censura não pôde ser publicada (edição completa só em 1932); é a exposição da filosofia marxista. Marx sozinho escreveu A Miséria da Filosofia (1847), a polêmica veemente contra o anarquista francês Proudhon. A última obra comum de Marx e Engels foi em 1847 O Manifesto Comunista, breve resumo do materialismo histórico e apelo à revolução.
O 18 Brumário de Luís Bonaparte foi publicado em 1852 em jornais e em 1869 como livro. É a primeira interpretação de um acontecimento histórico no caso o golpe de Estado de Napoleão III, pela teoria do materialismo histórico. Entre os escritos seguintes de Marx Sobre a crítica da economia política em 1859 é, embora breve, também uma crítica da civilização moderna, escrito de transição entre o manuscrito de 1844 e as obras posteriores. A significação dessa posição só foi esclarecida pela publicação (em Moscou, 1939-41, e em Berlim, 1953) de mais uma obra inédita: Esboço de crítica da economia política, escritos em Londres entre 1851 e 1858 e depois deixados sem acabamento final.
Em 1867 publicou Marx o primeiro volume de sua obra mais importante: O Capital. É um livro principalmente econômico, resultado dos estudos no British Museum, tratando da teoria do valor, da mais-valia, da acumulação do capital etc. Marx reuniu documentação imensa para continuar esse volume, mas não chegou a publicá-lo. Os volumes II e III de O Capital foram editados por Engels, em 1885 e em 1894. Outros textos foram publicados por Karl Kautsky como volume IV (1904-10).
3. INFLUENCIAS DO MARXISMO

O marxismo permitiu compreender que os fatos humanos são instituições sociais e históricas produzidas não pelo espírito e pela vontade livre dos indivíduos, mas nas condições objetivas nas quais a ação e o pensamento humano devem realizar-se. Levou a compreender que os fatos humanos mais originários ou primários são as relações dos homens com a Natureza na luta pela sobrevivência e que tais relações são as de trabalho, dando origem as primeiras instituições sociais: família (divisão sexual do trabalho), pastoreio e agricultura (divisão social do trabalho), troca e comércio (distribuição social dos produtos do trabalho).
Graças ao marxismo, as ciências humanas puderam compreender que as mudanças históricas não resultam de ações súbitas e espetaculares de alguns indivíduos ou grupos de indivíduos, mas de lentos processos sociais, econômicos e políticos, baseada na forma assumida pela propriedade dos meios de produção e pelas relações de trabalho. A materialidade da existência econômica comanda as outras esferas da vida social e da espiritualidade, e os processos históricos abrangem todas elas.
Enfim, o marxismo trouxe uma grande contribuição a sociologia,à ciência política e à história na interpretação dos fenômenos humanos como expressão e resultado de contradições sociais, de lutas e conflitos sociopolíticos determinados pelas relações econômicas baseadas na exploração do trabalho da maioria pela minoria de uma sociedade.
Em resumo, a fenomenologia permitiu a definição e a delimitação dos objetos das ciência humanas; o marxismo permitiu compreender que os fatos humanos são historicamente determinados e que a historicidade, longe de impedir que sejam conhecidos, garante a interpretação racional deles e o conhecimento de suas leis.
Com essas contribuições, que foram incorporadas de maneira muito diferenciadas pelas várias ciências humanas, os obstáculos epistemológicos foram ultrapassados e foi possível demonstrar que os fenômenos humanos são dotados de sentido e significação, são históricos, possuem leis próprias, são diferentes dos fenômenos naturais e podem ser tratados cientificamente.

3.1 NA EDUCAÇÃO

Marx acreditava que a educação era parte da superestrutura de controle usada pelas classes dominantes. Por isso, ao aceitar as idéias passadas pela escola à classe dos trabalhadores (que Marx denominava classe proletária) cria uma falça consciência que a impede de perceber os interesses de sua classe.
Assim, Marx concebia uma educação socializada e igualitária a todos os cidadãos. Ele não via com bons olhos uma educação oferecida pelo Estado-Nação burguês, capitalista basicamente por desacreditar no currículo que ela traria e a forma como seria ensinado. Mesmo que tenha defendido a educação compulsória em 1869, Marx opunha-se a qualquer currículo baseado em distinções de classe. Defendia a educação Técnica e Industrial.

3.2 NOS DIAS ATUAIS

Karl Marx propôs sua teoria com influencia na economia, onde tudo se explica através dela descontente com as mudanças ocorridas em seu tempo, a transição do sistema econômico tradicional para a moderna proposta capitalista ele deplorou e esnobou a dominação do capitalismo e seu sistema deplorável em favor dos burgueses e propôs a revolução proletária. Sua contribuição foi em favor de sermos contras as regras impostas pela classe dominante, que nos nossos dias se situa não em uma classe e sim em um campo social.
O Marxismo teve muitos seguidores que modificaram o mundo no século passado. Grandes partidos políticos se formaram em torno da teoria. Distorcido ou não, certo ou errado, o Marxismo deu o tom do século XX, principalmente até os anos 60 como forte contraponto aos países capitalistas na guerra fria e influencia ainda, muitos governos atualmente.

4 A DIALÉTICA

A palavra dialética vem do grego “dialégestai”, é construída etimologicamente pela preposição dia, que significa, por um lado, o que perpassa através do todo e, por outro, o que divide separando o que era unido, e pela palavra “léktikós”, que vem de logos, legein, e significa a aptidão ao discurso, falar. A dialética é o discurso que, com uma compreensão que atravessa a totalidade do que é falado, desdobra este todo mostrando o seu sentido, tornando deste modo, possível o dialogo.
Entre os pensadores modernos, Hegel é quem vai se apropriar da dialética grega, concebendo-a não só como método do pensamento, mas também como a própria dinâmica do tempo. Hegel pensa o tempo como uma dinâmica constituída pela tensão entre o ser e o não ser, pois o tempo é o que quando é, já foi.; “ Não como se o tempo fosse e não fosse, mas o tempo é isto: no ser, imediatamente não-ser, e no não-ser, imediatamente ser.” (Siegel apud Martins, 2007, p.153)
A dialética hegeliana parte do princípio da identidade de opostos. Ela se compõe de várias unidades, das quais Hegel enumera três: tese, antítese e síntese. A tese poder ser entendida como o momento da afirmação; a antítese é o momento da negação da afirmação, gerando a tensão que origina a síntese, o último momento que corresponde à negação da negação, ou seja, é o resultado da antítese anterior, no qual suspende a oposição entre a tese e a antítese. A síntese representa uma nova realidade marcada pela aparição da Razão Absoluta, da consciência de si, ou, o que dá no mesmo, da autoconsciência.
Assim, a Dialética baseia-se na idéia do contraditório, ou seja na contradição que existe em cada processo, no antagonismo intrínseco da própria evolução, pois a contradição existente em cada situação faria com que ela evoluísse a partir de si mesmo.
A afirmação e a negação existentes em cada coisa seriam parte formadora do todo que compreende a mesma, e seriam o motor de qualquer transformação que não dependesse de intervenção externa.


4.1 DIALÉTICA MARXISTA

No sec. XIX, Karl Marx apropiou-se da dialética grega, mais especificamente da metodologia Hegeliana para fundamentar o que seria considerado uma das mais importantes correntes de pensamento da atualidade, o materialismo.
Características da dialética marxista:
 Compreende o contexto;
 Historicidade - a pesquisa dialética encara o homem como um ser histórico, influenciado pelo meio;
 Histórico-dialético – considera que o homem é um ser histórico, mas que é capaz de reagir, pelo trabalho e pela consciência contra as forças que o oprimem;
 Materialismo - a realidade material determina a circunstancia social do ser humano;
 Materialismo-histórico-dialético – a realidade é dada pela circunstancia material, que por sua vez, é formada historicamente, é dinâmica, e está em movimento incessante;
 Tudo se relaciona – a realidade é um sistema interligado, em tudo há reciprocidade e relação;
 Tudo se transforma – a realidade é movimento - tanto social (educacional) – como natural;
 Luta dos contrários – o motor de todas as transformações reside na luta dos movimentos contrários.


5 A PEDAGOGIA MARXISTA

Marx e Engels escreveram muito pouco sobre educação, embora seja deles a concepção de que a educação e a cultura fazem parte da super-estrutura derivada da infra-estrutura económica e social. Quer isto dizer que a escola está sempre ao serviço do regime económico e social e dos detentores dos meios de produção.
Princípios da pedagogia marxista:
 Atribuição da força educativa aos princípios ambientais e metodológicos.
 Educação no seio do grupo e no meio do grupo.
 Prioridade da formação prática do aluno, sobre a sua formação teórica.
 Sistema educativo baseado na «escola do trabalho».
 Integração do trabalho produtivo no currículo escolar.
 Formação polivalente do indivíduo, capacitando-o para diversas atividades profissionais.
 Especial atenção à educação física;
 Inculcação sistemática e indiscutida da ideologia marxista e educação para a defesa e expansão
 Educação dogmática e autoritária.
 Papel relevante do Estado (comunista) na educação. A família pode e deve educar somente por delegação do Estado e sob o seu controle.
 Sistema de escola única e igual para todos, sujeita a critérios “sociais” de selectividade.
 Sistema de coeducação absoluta.
 Educação com um fim social. (socialização do indivíduo realizada a partir das instituições sociais e tendo em pouca consideração a subjectividade pessoal).


6 MATERIALISMO

Materialismo é o tipo de fisicalismo que sustenta que a única coisa da qual se pode afirmar a existência é a matéria; que, fundamentalmente, todas as coisas são compostas de matéria e todos os fenômenos são resultado de interações materiais; que a matéria é a única substancia. Como teoria o Materialismo pertence a classe da ontologia monista. Assim, é diferente de teorias ontológicas baseadas no dualismo ou pluralismo. Em termos de explicações da realidade dos fenômenos, o Materialismo está em franca oposição ao idealismo.

7 MATERIALISMO- HISTÓRICO-DIALÉTICO

Materialismo dialético caracteriza-se por um monismo (redução à unidade) conserva a particularidade do aspecto material e ideal da matéria e da consciência humana e ao mesmo tempo assinala seu caráter singular.
O materialismo dialético engloba a unidade da realidade inteira e a expressa utilizando todas as novas noções importantes das ciências especializadas.
Cibernética da informação – termo que está de acordo com todos os princípios da dialética e permite igualmente a expressão matemática.
Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a infra-estrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as idéias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc). A propósito, Marx escreveu, na obra A Miséria da filosofia (1847) na qual estabelece polêmica com Proudhon:
As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial.
Tal afirmação, defendendo rigoroso determinismo econômico em todas as sociedades humanas, foi estabelecida por Marx e Engels dentro do permanente clima de polêmica que mantiveram com seus opositores, e atenuada com a afirmativa de que existe constante interação e interdependência entre os dois níveis que compõe a estrutura social: da mesma maneira pela qual a infra-estrutura atua sobre a superestrutura, sobre os reflexos desta, embora, em última instância, sejam os fatores econômicos as condições finalmente determinantes.
O materialismo–histórico–dialético pode ser considerado um método de estudo da sociedade, da economia e da história, A forma de análise materialista histórica parte do princípio de que a produção, e a troca dos produtos, é a base de toda a ordem social; existente em todas as sociedades de todos os tempos. Sendo assim, a divisão destes produtos, aliada com ela à divisão dos homens em classes sociais, é determinada pelo o que e como a sociedade produz e pelo modo que troca as suas mercadorias. Ou seja, afirma que a forma de vida social, política e espiritual é determinada por como são produzidos os meios materiais de subsistência.
Na dialética materialista expressa em O Capital, Marx afirma que não existem fatos em si, é o próprio ser humano que figura como ser produzindo-se a si mesmo. Pela sua própria atividade, pelo modo de produção da vida material. A condição para que o Ser Humano se torne Ser Humano é o trabalho, a construção da sua história. A mediação entre ele e o mundo é a atividade material. - Mao Tsetung resume o pensamento de Marx: "a concepção materialista-dialética entende que, no estudo do desenvolvimento dum fenômeno deve partir-se do seu conteúdo interno, das suas relações com os outros fenômenos, deve-se considerar o desenvolvimento dos fenômenos como sendo o seu movimento próprio, necessário, interno, encontrando-se, alias, cada fenômeno no seu movimento, em ligação e interação com outros fenômenos que o rodeiam. A causa fundamental do desenvolvimento dos fenômenos não é externa, mas interna; ela reside no contraditório do interior dos próprios fenômenos. No interior de todo fenômeno há contradições, daí o seu movimento e desenvolvimento" (O Dialético)

8 MATERIALISMO-HISTÓRICO-DIALÍTICO E A EDUCAÇÃO
O estado atual do sistema educacional público brasileiro, tem dado mostras representativas de sua deficiência. É uma verdade que as escolas públicas, com raríssimas exceções, não têm conseguido realizar seu objetivo maior, qual seja educar para a cidadania, garantindo formação adequada e de qualidade a todos aqueles que a queiram receber. E o que é mais paradoxal nessa situação é a quantidade de pesquisas, projetos, proposições, leis, etc. que abordam a temática educacional e formulam diretrizes para a concretização de uma escola democrática e de qualidade. Infelizmente, essa massa abundante de documentos e trabalhos que versam sobre a educação não atingiu seus nobres objetivos, nem mesmo conseguindo mitigar de forma satisfatória os principais obstáculos que emperram o ensino público em nosso país.
Neste sentido, é oportuno dedicar atenção ao problema da pesquisa em Educação. E para tanto, far-se-á um balanço sumário do legado metodológico de um dos maiores cientistas sociais do século XIX: Karl Marx. Obviamente, o resgate do método adotado e aperfeiçoado por Marx – o método dialético materialista – objetiva tão somente estimular as pesquisas em Educação sob uma perspectiva marxista, como forma de oferecer subsídios a um projeto educativo que leve em conta as contradições próprias do sistema de ensino público no Brasil, contradições estas que são reflexo direto da nossa sociedade desigual (o que forçosamente nos leva a perceber a escola como instituição também desigual, pois que reflete e condiciona a sociedade na qual está inserida).
Para Karl Marx o conhecimento resulta de construção efetuada pelo pensamento e suas operações; consiste, assim, em uma representação mental do concreto, representação elaborada a partir da intuição e percepção. Ou seja, o conhecimento para Marx é propriamente uma produção do pensamento, resultante de operações mentais com que se representa – e não repete, reproduz ou reflete – a realidade objetiva, suas feições e situações. Diferentemente da perspectiva positivista, que concebe o conhecimento e sua produção a partir unicamente da observação do objeto, sem a mediação de abstrações mentais. O positivismo vê a história como uma história inerte que não se comunica com o presente, nem com o futuro; que é parte da realidade em que o homem se insere, mas só pode registrar as situações e sucessos que indicam essa inserção; um processo que já tem no passado seu começo, meio e fim. Na concepção marxista a compreensão da gênese e do desenvolvimento dos fenômenos deve partir de concepção de que nada, nenhuma relação, fenômeno ou idéia tem o caráter de imutável. Vê-se nesta perspectiva que o Positivismo possui um caráter de reduzir o papel do homem enquanto ser pensante e crítico, para um mero coletor de informações e fatos presentes nos documentos.
E o caminho que Karl Marx elege como mais objetivo para se chegar ao conhecimento é aquele que passa pelo uso do método dialético. Não a dialética no sentido clássico do termo (como nas contribuições de Aristóteles ou Platão); nem tampouco na perspectiva hegeliana, fonte inicial de Marx; mas sim uma dialética materialista, criação sua, que busca refletir acerca da realidade partindo do concreto e indo ao abstrato, num movimento constante de idas e vindas até obter-se a produção de uma representação mais ou menos fiel e segura da realidade.
Aplicado às pesquisas educacionais, o método dialético de Marx pode contribuir para uma compreensão mais rigorosa da realidade educacional, pois que elabora uma representação que parte sempre do concreto, tendo em conta a totalidade do fenômeno estudado. E mais ainda que o método imanente de Marx apreende a história a partir das contradições, no seu movimento incessante e permanente de transformação. Com tal postura, pode-se chegar à elaboração de uma representação do sistema educacional público brasileiro capaz de permitir a identificação de seus problemas mais espinhosos, os quais muitas vezes não estão circunscritos apenas a esfera do sistema educacional; ao contrário, transbordam para outras instâncias sociais, mas que graças ao esforço de totalização do método dialético serão apreendidos em seu devir.
O materialismo histórico-dialético mostra-se, a despeito das críticas hoje posicionadas à referência marxista e da possibilidade e necessidade de concretização do projeto histórico socialista, um referencial de postura, método e práxis vigentes para a compreensão e superação da realidade concreta estabelecida. Novas abordagens e metodologias vêm sendo criadas, com preocupações mais pontuais e técnicas científicas diferentes para a investigação no campo educacional. Neste sentido, o materialismo histórico não se fecha como posicionamento ortodoxo às outras formas metodológicas. Não obstante, ressalta a importância de que as discussões, abordagens, questionamentos e formas investigativas sejam feitas de forma subordinadas à sua temática central, ao seu núcleo constitutivo, ou seja, na perspectiva da luta de classes como motor da história, e na busca da emancipação humana.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Marx citado por Brito afirma: "A dialética mistificada tornou-se moda na Alemanha, porque parecia sublimar a situação existente. Mas, na sua forma racional, causa escândalo e horror à burguesia e aos porta-vozes de sua doutrina, porque sua concepção do existente, afirmando-o, encerra, ao mesmo tempo, o reconhecimento da negação e da necessária destruição dele; porque apreende, de acordo com seu caráter transitório, as formas em que se configura o devir; porque enfim, por nada se deixa impor, e é na sua essência, crítica e revolucionária.” (MARX apud BRITO, 2005).
A dialética é também uma teoria engajada. Ao contrário da metafísica, é questionadora, contestadora. Exige constantemente o reexame da teoria e a crítica da prática. Não existe nenhum critério de relevância (nem científico, social, teórico, nem prático) que possa determinar que um ponto de vista é relativamente mais válido que outro. O professor pensador de sua práxis, deverá manter uma crítica e uma autocrítica constante, uma dúvida levada à suspeita, e a humildade de que fala Paulo Freire, para reconhecer cotidianamente as limitações do pensamento e da teoria.
Concluindo, a dialética opõe-se ao dogmatismo, ao reducionismo, portanto, é sempre aberta, inacabada, superando-se constantemente.
A dialética apresenta-se como uma metodologia singular, de fácil aplicação, e que se renova constantemente, em cada ciclo de tese – antítese – síntese, o que faz com que se torne sempre atual, pela própria renovação.
O materialismo dialético nos traz uma visão de mundo, uma forma de compreender as coisas através de uma análise dinâmica, diferente da metafísica, e ampla o suficiente para que possamos analisar toda e qualquer situação através dele.

10 REFERÊNCIAS

BRITO, Felipe M. da Silva. Da crítica político-estatal à crítica da política e do estado: (re) pensando alguns tópicos sobre a crítica imenente em Karl Marx. Disponível em: www.uff.br/ppgsd/dissertacoes/felipe_brito2005.pdf . Acesso em: 20 out. 2010.
Sem Autor. Dialética Disponível em: http://www.odialetico.hd1.com.br/filosofia/ Dial%E9tica.htm . Acesso em 22 out 2010.
SIEGEL, Norberto, TOMELIN, Janes F. FILOSOFIA GERAL E DA EDUCAÇÃO. Indaial: Ed. ASSELVI, 2007.

Outras fontes:
www.culturabrasil.pro.br/marx.htm
www.formacao.org.br/docs/artigo_materialismo.pdf

Um comentário:

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